sexta-feira, 16 de agosto de 2013

38 Apeadeiro 5 e 6



38 Apeadeiro 5 - ovos vivíparos


Mano: estou sempre a rondar os 38, vieram para ficar. É uma febre baixa como o voo do crocodilo – o crocodilo não tem febre, tem painéis solares, pode febrar tudo por fora e por dentro é frio, de sangue frio (a falta que isso faz com este calor). Mas vive-se com ela, que remédio, não é! E é isso: 38 por fora e por dentro, crise interior/exterior. E dá o quê? Moleza, horizontes menos alcançáveis e presente eternizando chato, pedra permanente no sapato, dislexia gestual, esquecer-me das mãos em casa como já me aconteceu. Sim, fui à bruxa – bruxa nos Açores é cavaco e come-se, é uma lagosta do cretáceo, cavaco cá é presidente e costuma lagostar no Reino dos Boliqueimes, Alcavacos.

Incubar gostava, mas não incubo, não incubo porque semeei ideias frescas numa cultura verde de inteligência artificial, em alvéolos bio-electrónicos no seio (no seio é bestial) de um extraordinário ambiente de vistas artificiais, a preto e cores, tipo silicon valley (a 3D e a 38B), com sol filtrado do sul e o que deu? Conselhos para praticar uma dieta mediterrânica com azeite feito na Suécia… azeite de neve. A inteligência artificial é como o Google translater, metes lá a palavra qualquer e sai em russo retranka.

Mas acho bem a do TNDM/Aviário. Depois dos pastéis de Belém a relançar o país na era pós repós industrial – a marca é tudo e os pastéis a verde/rubro seriam o bem transacionável por excelência a dobrar os novos cabos da boa esperança dos mercados off e in shore – instalar uma produção de ovos no palco da Dona Maria seria excelente. Ovos falantes, ovos com memória textual digitalizada, ovos mais que vivíparos, ovos poseurs, ovos de camarim, ovos capazes da quadratura do círculo dramatúrgica e de, simultaneamente, expelir um fogo que trouxesse escrito no clarão expelido em placard virtual fogo-galáctico: a crise é uma questão de feitio. O que achas? Outra questão: que fazer das claras?

Pois, o Palácio da Ajuda, vulgo Sopa (ajuda) dos pobres, fica para um dia destes.



38 Apeadeiro 6 - O futuro encontra-se nos Ovos 


(L’avenir est dans les oeufs) dizia o nosso colega, também apátrida, aquele de origem romena... peça essa que era uma suite, alias, de Jacques ou la soumission, seja dito, se é de dizer. Quer dizer... isso da submissão, é disso que digo. E justamente, falando em insubmisso: Não serão uns míseros 38 que te vão travar. Nem que fossem os 62 do outro lado. E nem sequer os 100 da totalidade. Eu sei, porque conheço-te. E qualquer um que te conheça sabe disso.

Sofisticado teria sido que o processo se tivesse desenrolado inversamente. A saber que estes febris 38 que te acossam, tivessem sido eles a decretar o 38 do % do corte. Digo sofisticado porque, se for pela temperatura, o 36,5 de todos estava garantido. Fora dos casos ditados pela sorte e pelo febrilismo de alguns dentre nós, como no teu caso, que teriam rendido aos esburacados cofres do Estado algumas migalhas extra. Mais para isso era preciso muito mais do que o cérebro do Gaspar. Não chegavam lá incluso fazendo um brainstorming a três com o Melchior e Baltasar, tal é a fraqueza pensamental da nossa troika desgovernativa. E já que estávamos falando de ovos: Por mais que se esforcem – e lembremo-nos que se esforçaram, esforçam-se – os coitados do Pedro e do Paulo, qualquer que seja o seu Barroso/a FMI de acompanhamento, nem capacidade têm para parecer e aparecer como sendo o verdadeiro ovo da serpente...

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