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Apeadeiros 7 – Mano Álvaro, mais casos tipo 38…
As notícias
são terríveis, os patrões alemães querem o Partenon convertido em valor moeda
no espaço militarizado do Deutches Bank, seguro nos seus cofres-fortes: a pedra
grega em que ainda soam as chinelas de Sócrates e o furor dialéctico de
Heraclito vale mais que lingotes de ouro apresentados em arranha-céus do mesmo,
como se diz do arroz de polvo que o acompanha em prato de auspicioso paladar.
Outra
solução, na óptica dos patrões alemães, é os credores montarem o seu negócio
directamente na pedra patrimonial, com ocupação do monumento e expropriando o
espaço violentamente com a justificação
legal da usura chantagista, verdadeira guerra de saque do vale tudo – não será
esta um arma de destruição massiva, destruindo até o que é imaterial e prova de
memória, história identitária? O edifício de todos os gregos, o seu símbolo
arquitectónico tornado alemão – o que eles roubaram aos gregos não é sequer
conhecido, nem reconhecido, na sua extensão. Provavelmente vão montar no local,
imaginativos como são, um casino, um negócio de prostituição infantil – o que
eles gostam de ir para a Tailândia...
Já outros
vendiam os restos da cruz de Cristo – oh, querido lenho santo que as minhas
mãos tocaram para sempre - merchandising d’época (indulgências…) e traziam
relíquias infindáveis do Santo Sepulcro, fragmentos do lenço de Madalena
arrependida e mesmo gotas de sangue das mãos crucificadas com selo de qualidade
genética reconhecida. Essa gota são gotas, tal foi a sua reprodução na região
demarcada – estas coisas ganham logo um fulgor industrial e estas cabeças não
prestam para mais nada, ou reprimem e matam, assassinam em massa, ou imaginam
dinheiro a fazer dinheiro.
Nessa altura
de outras cruzadas a coisa era cómica, e trazer um pedaço de lenho sagrado da
terra santa uma aventura romanesca a cumprir por desertos e terras de infiéis.
Agora não, é a sério. É um tal Ulrich Grilo, patrão dos patrões alemães que o
propõe. Estes tipos não brincam, em tempos construíram e fizeram construir
campos de concentração. Agora querem fazer dos países devedores falanstérios,
amontoados humanos, zonas de concentração de um novo tipo de ser humano: o homo
devedor. Só à uma solução: impedi-los. Seja como for.
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